TANATOPOLÍTICA E NEOFASCISMO NO BRASIL: ATUALIZAÇÃO DA LÓGICA MANICOMIAL NO CARIRI CEARENSE
Resumo
RESUMO: A Casa de Saúde Santa Teresa - hospital psiquiátrico inaugurado no Cariri cearense na década de 1970 - se manteve em funcionamento até 2016, a despeito dos avanços da Reforma Psiquiátrica no país. Trata-se de uma instituição privada, que funcionava com recursos públicos e faz parte de um período da história da psiquiatria brasileira que gerou muitos lucros aos
empresários da loucura, atendendo aos ideais higienistas. A fragilidade da Rede de Atenção Psicossocial/RAPS na região e o fato de que atendia às demandas de inúmeros municípios dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco foram os argumentos utilizados para que o hospital permanecesse ativo por tantas décadas. Tomando o fechamento da Casa de Saúde Santa Teresa como acontecimento, esse trabalho de caráter cartográfico, pretende analisar os desdobramentos do fechamento desse manicômio na região, destacando a atualização da lógica manicomial e de seus dispositivos, a exemplo da multiplicação de Comunidades Terapêuticas observada nesses territórios, a falta de ampliação da RAPS e de estratégias efetivas de desinstitucionalização e de acompanhamento de longa permanência em Saúde Mental. Objetiva-se articular esse fenômeno ao contexto político do país, à desconstrução das políticas de direitos, do SUS e da Política Nacional de Saúde Mental, agravada pela crise sanitária, social
e econômica causada pela pandemia da Covid-19. Por fim, pretende-se apontar, nesse cenário de guerra, possibilidades de resistência e insurgência a partir das políticas do comum.
Referências
ARBEX, D. Holocausto Brasileiro: Vida, Genocídio e 60 mil mortes no maior Hospicio do Brasil. São Paulo: Geração Editorial, 2013.
BADARACCO, JEG. Comunidade Terapêutica Psicanalítica de Estrutura Multifamiliar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.
DARDOT, P.; LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no Século XXI. São Paulo: Editora Boitempo, 2017.
DELEUZE, G. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 2000.
DELEUZE, G. e Guattari, F. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 2011.
FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica:.Curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.
GIMBO, L.M.P., Dimenstein, M.D.B., Leite, J.F. Mecanismos de exclusão no Cariri
cearense. Psicologia Em Estudo, 22(3), 461-472, 2017.
HAN. Byung-Chul. Sociedade do cansaço / Byung-Chul Han. Tradução de Enio Paulo
Giachini. Editora Vozes, 2017.
HUR, Domenico Uhng. SABUCEDO, José Manuel. Psicologia dos extremismos políticos e cotidianos. Petrópoles, RJ: Vozes, 2020.
KASTRUP, V; Passos, E. Pista do comum. In.: E. Passos, V. Kastrup e S. Tedesco (Orgs.) Pistas do método da cartografia: a experiência da pesquisa e o plano do comum. v.2. Porto Alegre: Sulina, 2014, p. 15-41.
PÉLBART, Peter Pál. Da Clausura do fora ao fora da clausura: loucura e desrazão. São Paulo: Iluminuras, 2009.
ROLNIK, S. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. 1 ed., [s.l.]: [s.n.], 2018.
MBEMBE, A. Necropolítica. 1 Ed., São Paulo: [s.n.], 2019.
1 Ao submeter trabalhos à revista ARARIPE, caso este seja aprovado, o autor autoriza sua publicação sem quaisquer ônus para a revista ou para seus editores.
2 Os direitos autorais dos artigos publicados na ARARIPE são do autor, com direitos de primeira publicação reservados para este periódico.
3 Fica resguardado ao autor o direito de republicar seu trabalho, do modo como lhe aprouver (em sites, blogs, repositórios, ou na forma de capítulos de livros), desde que em data posterior fazendo a referência à revista ARARIPE como publicação original.
4 A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
5 Os originais não serão devolvidos aos autores.
6 As opiniões emitidas pelos autores são de sua inteira e exclusiva responsabilidade.
7 Ao submeterem seus trabalhos à ARARIPE os autores certificam que os mesmos são de autoria própria e inéditos, ou seja, não publicados anteriormente em qualquer meio digital ou impresso.
8 A revista ARARIPE adota a Política de Acesso Livre para os trabalhos publicados sendo sua publicação de acesso livre, pública e gratuita. Portanto, os autores ao submeterem seus trabalhos concordam que os mesmos são de uso gratuito sob a licença Creative Commons - Atribuição Não-comercial 4.0 Internacional.
9 O trabalho submetido poderá passar por algum software em busca de possíveis plágios para averiguar a autenticidade do material e, assim, assegurar a credibilidade das publicações da ARARIPE e do próprio autor diante da comunidade filosófica do país e do exterior.
10 Mas, apesar disto, após aprovação e publicação do artigo, for constatando qualquer ilegalidade, fraude, ou outra atitude que coloque em dúvida a lisura da publicação, em especial a prática de plágio, o trabalho estará automaticamente rejeitado.
11 Caso o trabalho já tenha sido publicado, será imediatamente retirado da base da revista ARARIPE, sendo proibida sua posterior citação vinculada a ela e, no número seguinte em que ocorreu a publicação, será comunicado o cancelamento da referida publicação. Em caso de deflagração do procedimento para a retratação do trabalho, os autores serão previamente informados, sendo-lhes garantidos o direito à ampla defesa.
12 Os dados pessoais fornecidos pelos autores serão utilizados exclusivamente para os serviços prestados por essa publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.