REDES SOCIAIS E O NEGACIONISMO COMO INDIFERENÇA

  • José André Ribeiro Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)
Palavras-chave: Redes sociais., Atenção., Negacionismo científico.

Resumo

O objetivo deste trabalho é mostrar como a modelagem das redes sociais fortalece a difusão de conteúdos negacionistas e de teorias conspiratórias. Para tanto, detalha-se como as redes sociais possuem uma lógica viciante. Isso se deve ao fato de que o modelo econômico das empresas de tecnologia é centrado na atenção dos usuários. A estratégia é gerar mais engajamento para intervir em comportamentos. Com isso, as redes sociais produzem formas personalizadas de exposição dos conteúdos, para gerar o maior tempo possível de engajamento. Em vista disso, os conteúdos mostrados geralmente são os mais populares, em detrimento daqueles que são cientificamente organizados. Para elucidar essa dinâmica, utiliza-se a narrativa distópica do filme “Não olhe para cima”, que caracteriza de forma interessante o modo como a centralidade da comunicação vai ocupando o papel da ciência. A partir disso, concluise que o negacionismo não é somente um relativismo do conhecimento científico, mas um tipo de indiferença aos critérios da verdade científica que promove uma diluição da noção de verdade em uma forma de comunicação, característica das redes sociais.

Biografia do Autor

José André Ribeiro , Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Promove pesquisa nas áreas de Filosofia Antiga, Filosofia Intercultural, Ética e Filosofia Política. Atualmente, é Professor de Filosofia do Campus de Porto Seguro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).

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Publicado
2023-08-29
Como Citar
, J. A. R. (2023). REDES SOCIAIS E O NEGACIONISMO COMO INDIFERENÇA. ARARIPE — REVISTA DE FILOSOFIA - , 4(1), 76-91. https://doi.org/10.56837/Araripe.2023.v4.n1.1147