“Crianças, quando devemos cooperar?” Fatores que interferem na cooperação de crianças em jogos dos bens públicos
Abstract
Este ensaio apresenta e discute os fatores que influenciam a cooperação em crianças de 5 a 11 anos em jogos de bens públicos (JBP), utilizando uma abordagem experimental baseada na Teoria dos Jogos. Os pesquisadores adaptaram o JBP para crianças, variando condições como tamanho do grupo, feedback, monitoramento, tipo de recurso e classe socioeconômica, para examinar como esses fatores afetam as decisões de doação. Os resultados revelaram que a cooperação infantil é influenciada por múltiplos fatores. Grupos menores e situações de monitoramento aumentaram as doações, sugerindo que a reputação e a avaliação social desempenham um papel crucial. A idade também se mostrou relevante, com crianças mais velhas tendendo a ser menos cooperativas. Além disso, a classe socioeconômica e o tipo de recurso influenciaram as decisões de doação. No entanto, os autores ressaltam a necessidade de cautela ao generalizar os resultados de estudos experimentais para situações naturais, reconhecendo as limitações da metodologia. O estudo destaca a importância da teoria dos jogos como ferramenta para compreender o comportamento cooperativo em crianças, demonstrando que suas decisões estratégicas são sensíveis a diversos fatores contextuais. Os achados também sugerem que a reputação é um mecanismo importante para a manutenção da cooperação, mesmo na infância.
References
ALENCAR, Anuska Irene, SIQUEIRA, José Oliveira & YAMAMOTO, Maria Emília. Does group size matter? Cheating and cooperation in Brazilian school children. Human Evolution and Behavior, 2008 29, p. 42-48.
ALENCAR, Anuska Irene. A cooperação em crianças da rede pública de Natal/RN – uma abordagem evolucionista. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.
ALENCAR, Anuska Irene. Boas e más razões para cooperar do ponto de vista de crianças - uma análise evolucionista. Estudos de Psicologia, 2010, 15(1), Janeiro-Abril, p. 89-96.
ALEXANDER, Richard. D. The Biology of Moral Systems. 1st ed. Routledge, 1987. https://doi.org/10.4324/9780203700976
AXELROD, Robert & HAMILTON, Willian D. The evolution of cooperation. Science, 1981, 21, 1390-1396.
BENENSON, J. F., PASCOE, J. & RADMORE, N. Children’s altruistic behavior in the dictator game. Evolution and Human Behavior, 2007, 28, 168-175.
BERNI, Dúlio Avila. Jogos de estratégias, estratégias decisórias, teoria da decisão. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed., 2004.
BLAKE, Peter. R. & RAND, David. G. Currency value moderates equity preference among young children. Evolution and Human Behavior, 2010, 31(3), 210-218. Doi: 10.1016/j.evolhumbehav.2009.06.012
BOCCARDI, Natalia Andrea Craciun. A Generosidade e a Cooperação de Crianças Monitoras São Moduladas Pela Interação entre a Condição Socioeconômica e o Contexto Escolar. Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia. Natal/RN, 2014.
BOWLES, Samuel & GINTIS, Herbert. A Cooperative Species: Human Reciprocity and Its Evolution. Princeton University Press, 2011.
BROWNELL, Celia. A., RAMANI, Geetha. B. & ZERWAS, Sthefanie. Becoming a social partner with peers: Cooperation and social understanding in one- and two-year-olds. Child Development, 2006, 77, 803-821.
CARTWRIGHT, J. Evolution and Human Behavior: Darwinian Perspectives on Human Nature. Cambridge: MIT Press, 2000.
CORRAL-VERDUGO & FRÍAS-ARMENTA. Personal normative beliefs, antisocial behavior, and residencial water conservation. Environment and Behavior, 2006, 38, 406-421.
COSMIDES, L. & TOOBY, J. Cognitive adaptation for social exchange. In: J. H. Barkow, L. Cosmides & J. Tooby (Orgs.). The adapted mind: evolutionary psychology and generation of culture. Nova York: Oxford University Press, p. 163-228, 1992.
CREMER, D. D. Trust and Fear of Exploitation in a public goods dilemma. Current Psychology, 1999, 18, 153-163.
DUTRA, Natália Bezerra. A Influência do Feedback Verbal na Cooperação em Crianças. Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia. Natal/RN, 2012.
DUTRA, Natália Bezerra; BOCCARDI, Natália Craciun, SILVA, Phiética Raíssa et al. Adult criticism and vigilance diminish free riding by children in a social dilemma. Journal of Experimental Child Psychology, 2018, 167, 1–9.
ENGELMANN, Jan. M., HERRMANN, Esther & TOMASELLO, Michael. The effects of being watched on resource acquisition in chimpanzees and human children. Animal Cognition, 2016, 19, 147–151.
ENGELMANN, Jan. M., OVER, Harriet, HERRMANN, Esther & TOMASELLO, Michael. Young children care more about their reputation with in-group members and potential reciprocators. Developmental Science, 2013, 16, 952–958.
FAN, Chinn-Ping. Teaching children cooperation: an application of experimental game theory. Journal of Economic Behavior and Organization, 2000, 41, 191-209.
FRANZEN, Axel & POINTNER, Sonja. The external validity of giving in the dictator game: A field experiment using the misdirected letter technique. Experimental Economics, 2013, 16(2), 155–169. https://doi.org/10.1007/s10683-012-9337-5
FEHR, Ernst & LEIBBRANDT, Andreas. A field study on cooperativeness and impatience in the tragedy of the commons. Journal of Public Economics, 2011, 95.9-10, 1144-1155.
GALIZZI, Matteo M. & NAVARRO-MARTINEZ, Daniel. On the external validity of social preference games: a systematic lab-field study. Management Science, 2019, 65.3, 976-1002.
GUMMERUM, M., KELLER, M., TAKEZAWA, M. & Mata, J. To give or not to give: Children’s and adolescents’ sharing and moral negotiations in economic decision situations. Child Development, 2008, 79, 562–576.
HALEY, Kevin J. & FESSLER, Daniel M.T. Nobody’s watching? Subtle cues affect generosity in an anonymous economic game. Evolution and Human Behavior, 2005, 26, 245-256.
HAMILTON, William D. The genetic theory of social behavior. I and II. Journal of Theoretical Biology, 1964, v. 7, p. 1-52.
HARDIN, Garrett. The tragedy of the commons. Science, 1968, 162, 1243-1248.
HAUERT, C., MONTE, S. D., HOFBAUER, J. & SIGMUND, K. Replicator dynamics for optional public good games. Journal Theory of Biology, 2002a, 218, 187-194.
HAUERT, C., DE MONTE, S., HOFBAUER, J. & SIGMUND, K. Volunteering as Red Queen mechanism for cooperation in public games. Science, 2002b, 296, 1129-1132.
HARBAUGH, W. T. & KRAUSE, K. Children's altruism in public goods and dictator experiments. Economic Inquiry, 2000, 38(1), 95-109.
KIYONARI, T., TANIDA, Shigehito & YAMAGICHI, Tochio. Social exchange and reciprocity: confusion or a heuristic. Evolution and Human Behavior, 2000, 2, 41-427.
KOLLOCK, Peter. Social dilemmas: The anatomy of cooperation. Annual Reviews Sociology, 1998, 24, 183-214.
LEIMGRUBER, K. L. et al. Young Children Are More Generous When Others Are Aware of Their Actions. PLoS ONE, 2012, 7(10): e48292. Doi: 10.1371/journal.pone.0048292
MAYNARD SMITH, J. Evolution and Theory of Games. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.
NOWAK, Martin. A. & SIGMUND, Karl. Evolution of indirect reciprocity by image scoring. Nature, 1998, 393, 573-577.
NOWAK, Martin. Five rules for the evolution of cooperation. Science, 2006, 314 (5805), 1560–1563.
OHTSUKI, Hisashi et al. A simple rule for the evolution of cooperation on graphs and social networks. Nature, 2006, 441,502-505.
OLSON, K. R. & SPELKE, E. S. Foundations of cooperation in young children. Cognition, 2008, 108(1), 222-231.
PIFF, Paul. K., KRAUS, Michael. W. & COTÊ, Stephane et al. Having less, giving more: the influence of social class on prosocial behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 2010, 99, 771–784.
SILVA, Phiética Raíssa Rodrigues da, BOCCARDI, Natalia Andrea Cracciun, DUTRA et al. Stickers versus wafers: The value of resource in a public good game with children. Estud. Psicol., 2016, 21 (2), Apr-Jun, 117-124.
SCHMIDT, Marco F. H. & SOMMERVILLE, Jessica A. Fairness expectations and altruistic sharing in 15- month-old human infants. Plos One, 2011, 6(10), 1-7.
SUZUKI, Shinsuke & AKIYAMA, Eizo. Reputation and the evolution of cooperation in sizable groups. Proceedings of the Royal Society, 2005, 272, 1373-1377.
TRIVERS, Robert. The evolution of reciprocal altruism. The Quarterly Review of Biology, 1971, 46, 35–57.
WITTEK, Rafael & BEKKERS, René. Altruism and Prosocial Behavior, Sociology. International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences. 2nd edition, Volume 1, p. 579-583, 1971.
ZARBATANY, Linne, HARTMANN, Daniel P. & GELFAND, Donna. M. Why does children`s generosity increase with age: susceptibility to experimenter influence or altruism? Child Development, 1985, 56, 746-556.
1 Ao submeter trabalhos à revista ARARIPE, caso este seja aprovado, o autor autoriza sua publicação sem quaisquer ônus para a revista ou para seus editores.
2 Os direitos autorais dos artigos publicados na ARARIPE são do autor, com direitos de primeira publicação reservados para este periódico.
3 Fica resguardado ao autor o direito de republicar seu trabalho, do modo como lhe aprouver (em sites, blogs, repositórios, ou na forma de capítulos de livros), desde que em data posterior fazendo a referência à revista ARARIPE como publicação original.
4 A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
5 Os originais não serão devolvidos aos autores.
6 As opiniões emitidas pelos autores são de sua inteira e exclusiva responsabilidade.
7 Ao submeterem seus trabalhos à ARARIPE os autores certificam que os mesmos são de autoria própria e inéditos, ou seja, não publicados anteriormente em qualquer meio digital ou impresso.
8 A revista ARARIPE adota a Política de Acesso Livre para os trabalhos publicados sendo sua publicação de acesso livre, pública e gratuita. Portanto, os autores ao submeterem seus trabalhos concordam que os mesmos são de uso gratuito sob a licença Creative Commons - Atribuição Não-comercial 4.0 Internacional.
9 O trabalho submetido poderá passar por algum software em busca de possíveis plágios para averiguar a autenticidade do material e, assim, assegurar a credibilidade das publicações da ARARIPE e do próprio autor diante da comunidade filosófica do país e do exterior.
10 Mas, apesar disto, após aprovação e publicação do artigo, for constatando qualquer ilegalidade, fraude, ou outra atitude que coloque em dúvida a lisura da publicação, em especial a prática de plágio, o trabalho estará automaticamente rejeitado.
11 Caso o trabalho já tenha sido publicado, será imediatamente retirado da base da revista ARARIPE, sendo proibida sua posterior citação vinculada a ela e, no número seguinte em que ocorreu a publicação, será comunicado o cancelamento da referida publicação. Em caso de deflagração do procedimento para a retratação do trabalho, os autores serão previamente informados, sendo-lhes garantidos o direito à ampla defesa.
12 Os dados pessoais fornecidos pelos autores serão utilizados exclusivamente para os serviços prestados por essa publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.

