Res occultas: Lucrécio e o invisível

  • Marco Antonio Valentim Universidade Federal do Paraná UFPR

Resumen

O ensaio trata do problema da invisibilidade da matéria e do vazio em De
rerum natura Como é possível a Lucrécio sustentar, por um lado, que o ânimo é
material e que o conhecimento é sensível, e, por outro, que os primórdios das
coisas, bem como o vazio e os simulacros dos corpos, são invisíveis e, no limite,
inacessíveis aos sentidos? O problema é desenvolvido mediante um comentário ao
texto de Lucrécio que retoma criticamente a interpretação de Deleuze em Lógica do
sentido com foco na relação entre o caráter oculto da natureza e a diferença de
velocidade entre, de um lado, sentidos e pe nsamento e, de outro, simulacros e
corpos. A partir disso, o ensaio tira conclusões a respeito da natureza do discurso de
Lucrécio sobre a natureza das coisas.

Biografía del autor/a

Marco Antonio Valentim, Universidade Federal do Paraná UFPR

Professor do Departamento de Filosofia (2006-) e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná (2007-). Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2000). Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007). Fez estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional do Rio de Janeiro (2012-2013) e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017-2018). Publicou estudos acerca de problemas metafísicos em filosofia antiga e moderna, e ensaios comparativos sobre antropologias ocidentais e ameríndias. Escreveu "Extramundanidade e sobrenatureza: ensaios de ontologia infundamental" (Cultura e Barbárie, 2018). Pesquisador do SPECIES - Núcleo de Antropologia Especulativa (UFPR). Membro do GT Ontologias Contemporâneas (ANPOF). 

Citas

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Publicado
2022-08-08
Cómo citar
Marco Antonio Valentim. (2022). Res occultas: Lucrécio e o invisível. ARARIPE — REVISTA DE FILOSOFIA - , 3(1), 58 - 80. https://doi.org/10.56837/Araripe.2022.v3.n1.919