GEOPOLÍTICA SINO-BRASILEIRA: ACORDOS BILATERAIS, TROCAS COMERCIAIS ASSIMÉTRICAS E REPRIMARIZAÇÃO NO BRASIL PÓS CRISE (2008-2024)

  • Osmar Fernando Alves da Silva Universidade Federal do Piauí
  • Raimundo Jucier Sousa de Assis Universidade Federal do Piauí
  • Carolina Pereira Madureira Universidade Regional do Cariri
  • Jandir Oliveira Alves Junior Universidade Federal do Piauí

Resumo

Da análise das relações internacionais Brasil-China, sobretudo a partir do período pós crise de 2008 – quando ocorre um estreitamento das relações diplomáticas e o fortalecimento do comercio exterior sino-brasileiro – emerge o questionamento: “em que medida as relações bilaterais Brasil-China pós-crise de 2008 relacionam-se à reprimarização econômica brasileira e a construção de um arcabouço institucional de trocas assimétricas?” Para responder essa pergunta, o trabalho analisa o Plano de Ação Conjunta (2010-2014), o Plano de Ação conjunta (2015-2021), o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021), o Plano Estratégico (2022-2031) e o Plano Executivo (2022-2026), enquanto documentos oficiais sobre as relações sino-brasileiras, bem como os dados estatísticos das trocas comerciais Brasil-China disponíveis na plataforma Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A hipótese é que as tessituras dos planos e trocas na balança comercial evidenciam um projeto de reprimarização do Brasil, representando uma cristalização de trocas comerciais assimétricas, em uma reciprocidade voltada às necessidades da “nova fábrica do mundo”. Como conclusão, a China se incorpora ao movimento político-econômico de expansão da reprimarização brasileira ao modificar a dinâmica das regiões produtivas brasileiras para seu abastecimento.

Biografia do Autor

Osmar Fernando Alves da Silva, Universidade Federal do Piauí

Mestrando em Ciência Política no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (PPGCP - UFPI) na linha de "Estado e Instituições Políticas". Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Piauí (2022). Membro do Diretório de pesquisa "Geopolítica, Capitalismo e Natureza", vinculado ao CNPq.  

Raimundo Jucier Sousa de Assis, Universidade Federal do Piauí

Docente dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Política e Geografia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e do Curso de Graduação em Geografia. Doutor em Geografia Humana pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP). Líder do Diretório de Pesquisa Geopolítica, Capitalismo e Natureza, vinculado ao CNPq.

Carolina Pereira Madureira, Universidade Regional do Cariri

Docente do Departamento de Direito da Universidade Regional do Cariri (URCA- CE) e de Pós- Graduação Lato sensu em Direito na Universidade Regional do Cariri. Mestra em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (PPGCP - UFPI). Especialista em Direito e Democracia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Membro do Diretório de pesquisa "Geopolítica, Capitalismo e Natureza", vinculado ao CNPq.  

Jandir Oliveira Alves Junior, Universidade Federal do Piauí

Discente do curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Piauí-UFPI. Participante do Diretório de pesquisa "Geopolítica, Capitalismo e Natureza", vinculado ao CNPq. 

Referências

ACIOLY, Luciana; COSTA PINTO; Eduardo Costa; MACEDO CINTRA, Marcos Antonio. As Relações Bilaterais Brasil-China: a ascensão da China no sistema mundial e os desafios para o Brasil. São Paulo: Grupo de Trabalho sobre a China / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada / Ipea, 2011, 56p.

ASSIS, Raimundo Jucier.; SILVA, Osmar Fernando Alves da. A reprimarização no Brasil sob a ascensão da geopolítica chinesa no comércio exterior (2008 – 2018). Brazilian journal of development. Curitiba, v. 6, n. 3, p. 12121-12139, 2020.
BECARD, Danielly Silva Ramos. O Brasil e a República Popular da China: política externa comparada e relações bilaterais (1974-2004). Brasília: FUNAG, 2008.
BERNAL-MEZA, Raúl. América Latina e a nova relação centro-periferia com a China.: A reestruturação da economia mundial. Finisterra, v. 56, n. 116, p. 223-246, 2021. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/finisterra/article/view/21087. Acesso em: 05 ago. 2024.

BERNAL-MEZA, Raúl. Covid-19, tensiones entre China y Estados Unidos, y crisis del multilateralismo: repercusiones para AL. Foro internacional, v. 61, n. 2, p. 259-297, 2021.

BRASIL. Plano de ação conjunta entre o governo da República Federativa do Brasil e o governo da República Popular da China, 2010-2014. Brasília, 2010. Disponível em:http://www.cebc.com.br/sites/default/files/plano_de_acao_conjunta_2010_-_2014_2_.pdf Acesso em: 10 jul. 2024.
_________. Plano Decenal de Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China. Brasília:[S.n], 2011.
_________. Plano de ação conjunta entre o governo da República Federativa do Brasil e o governo da República Popular da China, 2015-2021. Brasília, 2015.
. Plano Estratégico 2022-2031 entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China. Brasília: Governo Federal, 2022.
. Plano Executivo para as Relações entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China entre 2022 e 2026. Brasília: Governo Federal, 2022.

CEBC – Conselho Empresarial Brasil-China. Visão de Futuro: 40 anos de relação diplomática entre brasil e china. Rio de Janeiro: CEBC, 2015. Disponível em:http://cebc.org.br/2015/01/27/10a-edicao-visao-de-futuro/. Acesso em: 25 jul. 2024.

CECHIN, Alícia; MONTOYA, Marco Antonio. Origem, causas e impactos da crise financeira de 2008. Revista Teoria e Evidência Econômica, v. 23, n. 48, 2017.

CNN. Impactado por lockdown na China, frete marítimo no Brasil registra alta de preços. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/economia/impactado-por-lockdown-na-china-frete-maritimo-no-brasil-registra-alta-de-precos/ Acesso em 05 de agosto de 2024.

COMEXSTAT/MDIC. Plataforma de Consultas e Extrações de Dados Estatísticos do Comércio Exterior Brasileiro. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Disponível em: https://comexstat.mdic.gov.br/pt/home . Acesso em: 04 jul. 2024.

DA CUNHA, Guilherme Lopes; CAMPELLO, Marcelo de Moura Carneiro. La inserción China en la Amazonía: análisis y consideraciones geoestratégicas. Trans-pasando Fronteras, n. 6, p. 241-262, 2014.

ESTADÃO. China negocia terras para soja e milho no Brasil. Estadão, 27 de abril de 2010. Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,china-negocia-terras-para-soja-e-milho-no-brasil,543390 Acesso em: 25 ago. 2024.

GONÇALVES, William; BRITO, Lana Bauab. Relações Brasil e China: uma parceria estratégica? Século XXI, v. 1, n. 1, p. 11-28, jan./dez. 2010.
HUNTINGTON, S.P. La superpotencia solitaria. Revista Ciencia Politica Bogotá. Vol. 50,Nº 1-2, pp. 9-26, 1999.
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Annablume, 2005.

__________. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

__________. O novo imperialismo. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 2011.

__________. Espaços de esperança. São Paulo: Loyola, 2004.
ITAMARATY. Plano de Ação Conjunta entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China, 2010-2014.
KURZ, Robert. Poder Mundial e Dinheiro Mundial: crônicas do capitalismo em declínio. Rio de Janeiro: Consequência, 2015.

LIMA, José Alfredo Graça; JANK; Marcos; MALAN, Pedro. O Agronegócio Brasileiro no Mundo. Conselho Brasileiro de Relações Internacionais – CEBRI. Rio de Janeiro, fevereiro de 2019.

RAMOS, Danielly Silva. O Brasil e a República Popular da China: política externa comparada e relações bilaterais (1974-2004). 2006. 403 f., il. Tese (Doutorado em Relações Internacionais)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

SALAMA, Pierre. China-Brasil: industrialização e “desindustrialização precoce”. Cadernos do Desenvolvimento, Rio de Janeiro, v. 7, n. 10, p. 229-251, jan.-jun. 2012.

SILVA, Osmar; ASSIS, Raimundo. A China e a Inovação Tecnológica no MATOPIBA: acordos bilaterais, importação de alta tecnologia e disponibilidade de crédito. Seminário Pesquisar China Contemporânea, Campinas, SP, n. 7, 2023. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/eventos/index.php/chinabrasil/article/view/5219. Acesso em: 31 ago. 2024.

SANTOS, Débora Almeida Nascimento dos; OLIVEIRA, Marianne Costa. Relações Econômicas entre Brasil e China no Período de 2008 a 2013. ANAIS do IV Semana do Economista. Ilhéus/ BA: Universidade Estadual de Santa Cruz, 2014.
LOPES DA CUNHA, Guilherme. As relações Brasil-China: Ciência, tecnologia e inovação no século XXI. 2017. Tese (Doutorado) – Pós- Graduação em Economia Política Internacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
LESSA, Antônio Carlos. A diplomacia universalista do Brasil: a construção do sistema contemporâneo de relações bilaterais. Revista Brasileira de Política Internacional, Brasília, vol. 41 (n. esp. 40 anos), p. 29-41, 1998.
LOPES DA CUNHA, G.; DE MOURA CARNEIRO CAMPELLO, M. La inserción China en la Amazonía: análisis y consideraciones geoestratégicas. Transpasando Fronteras, n. 6, p. 241-262, 7 dic. 2014.
MADUREIRA, Carolina Pereira; DE ASSIS, Raimundo Jucier Sousa; DE ESPÍNDOLA, Giovana Mira. Nova direita na política externa brasileira (2016-2021) e a (des) integração mercosulina. Conjuntura Global, v. 11, n. 2, 2022. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/conjgloblal/article/view/86242/48284 Acesso: 20 de ago. 2024.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). (2009), “China se torna principal parceiro comercial do Brasil”. Abril, 2009. Disponível em: . Acesso em 10 de setembro de 2022.
OLIVEIRA, Henrique Altemani de. As perspectivas de cooperação Sul-Sul no relacionamento Brasil-China, Nueva Sociedad, nº 203, maio-junho, 2006.
__________. Brasil-China: trinta anos de uma parceria estratégica. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 47, n. 1, Junho, 2004.
POMAR, Wladimir. A revolução chinesa. Unesp, 2003.
SANTOS, Débora Almeida Nascimento dos; OLIVEIRA, Marianne Costa. Relações Econômicas entre Brasil e China no Período de 2008 a 2013. ANAIS do IV Semana do Economista e IV Encontro de Egressos. Ilhéus/ BA: Universidade Estadual de Santa Cruz, 2014.
TORRES, Marcus; CABRAL, Maria; SILVA, Lucas. BRICS' Impact over Brazilian bilateral commercial relations with China. RICRI, Vol.2, N.4, 2014.
Publicado
2024-09-14
Como Citar
Alves da Silva, O. F., Sousa de Assis, R. J., Madureira, C. P., & Alves Junior, J. O. (2024). GEOPOLÍTICA SINO-BRASILEIRA: ACORDOS BILATERAIS, TROCAS COMERCIAIS ASSIMÉTRICAS E REPRIMARIZAÇÃO NO BRASIL PÓS CRISE (2008-2024). Ciência E Sustentabilidade, 8(1), 113-132. https://doi.org/10.56837/ces.v8i1.1271