Pluriatividade e multifuncionalidade na agricultura familiar: uma análise descritiva e espacial no Rio Grande do Norte
Resumo
Este estudo analisou a pluriatividade na agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte, com base nos dados do Censo Agropecuário de 2017. A pesquisa investigou as diferenças regionais na dependência da renda agrícola em comparação a outras fontes, revelando que 63,3% dos estabelecimentos familiares geram mais renda de atividades não agrícolas, como empregos fora do setor rural e programas de transferência de renda. A análise espacial, utilizando o Índice Local de Moran (LISA), identificou clusters de alta dependência da renda agrícola em regiões do sudoeste, como Caicó e Apodi, e de baixa dependência em áreas próximas ao litoral, como Maxaranguape, onde a diversificação das fontes de renda monetária é mais frequente. No total, 23 municípios apresentaram autocorrelação espacial estatisticamente significativa (p < 0,05), indicando que esses locais possuem padrões de dependência da renda agrícola similares aos de seus municípios vizinhos, formando agrupamentos regionais distintos. O estudo destaca a pluriatividade como uma estratégia fundamental para a reprodução social das famílias rurais no estado, especialmente em contextos de vulnerabilidade socioeconômica e maior integração urbana. Contudo, levanta questões sobre as possíveis repercussões dessa dinâmica na multifuncionalidade da agricultura familiar. As implicações para o desenvolvimento rural sustentável e para políticas públicas são discutidas, enfatizando a necessidade de equilibrar as funções produtivas, sociais e ambientais da agricultura familiar com a complementação da renda não agrícola.
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