Filosofia Intercultural: uma clarificação conceitual junto com sua aplicação no Ensino e Pesquisa além dos limites da Tradição Filosófica Ocidental
Resumo
O artigo aborda a hegemonia da filosofia ocidental em currículos globais e a ausência de filosofias não-europeias em cursos ocidentais, resultado do colonialismo e da autouniversalização. Mall defende que a filosofia é inerentemente intercultural, sendo, portanto, a expressão “filosofia intercultural” uma tautologia. Não se trata de uma nova disciplina, ecletismo, ou reação, mas de uma convicção e atitude de não aceitar nenhuma filosofia como definitiva ou definidora. Metodologicamente, o autor rejeita privilégios e hierarquias, valorizando a pluralidade cultural, propondo uma hermenêutica não-redutiva que busca “centros que intersectam” garantindo comunicação e preservação das características individuais. Advoga, ainda, uma nova historiografia da filosofia, desvinculada do eurocentrismo, que reconheça a universalidade mínima da racionalidade filosófica em todas as tradições e promova a emancipação das filosofias não-ocidentais. Essa “revolução copernicana” coloca um sol perene da filosofia no centro, incluindo todas as tradições, visando a unidade em face da diversidade e permitindo a crítica mútua com base na aceitação da legitimidade filosófica do outro.