Pensar o “envolvimento sustentável”: reflexões sobre a ecossocioeconomia em meio à pandemia do SARS-CoV-2
Resumo
A pandemia do novo Coronavírus (Sars-Cov-2) se apresenta como um dos grandes desafios para a humanidade, não apenas pelo impacto causado à saúde pública, mas também pelo impacto na economia, que no modelo capitalista de mercado repercute em forma de recessão econômica, desemprego, e aumento da desigualdade social, cuja recuperação exige mais pressão sobre o meio natural. Diante desse cenário, as discussões sobre outras formas de desenvolvimento têm sido cada vez mais recorrentes, vide o próprio conceito de desenvolvimento sustentável que está no cerne dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) com metas específicas para as diferentes dimensões da relação sociedade e natureza; ou ainda, discussões mais profundas e críticas ao modelo econômico vigente, como o conceito de ecossocioeconomia, baseado em experiências de arranjos produtivos locais, que valorizam os saberes da cultura local, as potencialidades do território, a participação democrática da comunidade, a solidariedade. Desse modo, o presente ensaio tem como objetivo refletir sobre o (des)envolvimento sustentável a partir do conceito de ecossocioeconomia e à luz da crise socioambiental atenuada pela pandemia do Sars-Cov-2. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, na qual buscou-se investigar na literatura sobre desenvolvimento sustentável e ecossocioeconomia, fundamentos teóricos que auxiliem na reflexão sobre possíveis saídas para a crise socioambiental que tende a se aprofundar com a pandemia do novo Coronavírus. Como considerações finais elaborou-se uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável, conformado no sentido do (des)envolver, individualizar, para manter a lógica competitiva da economia de mercado, e propôs-se o “envolvimento sustentável”, formado no sentido de envolver, coletivizar, para construir um novo modelo de economia, pautado em princípios como a responsabilidade ecológica, a crítica ao consumo exacerbado, o compromisso com a comunidade, a solidariedade, e a relação com o território, tal como preconiza a ecossocioeconomia.
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